Desde que acordei estou no automático.
O celular despertou, mesmo sem abrir os olhos, coloquei-o na soneca. Pensei em voltar a dormir, mas não consegui. Calcei as sandálias e fui para o banheiro, como de costume, escovei os dentes, tomei banho e fiquei parada por mais de 15 min, sem conseguir sequer conter as lágrimas.
Vesti a roupa, me arrumei e percebi que já estava atrasada. Vim caminhando pela rua, pensando nas palavras de ontem, pensando na manhã de ontem, pensando no que li a noite, pensando, pensando, pensando... Cheguei atrasada. É.
Meu corpo dói, minha cabeça dói e agora eu não consigo mais chorar, eu não consigo porque me fiz de forte. Não consigo porque tenho medo.
Estou no automático e não sei qual o botão para desligar. Me sinto mal.
Certa vez, quando surgiu a opção para a viagem a Curitiba, me senti assim também. Sabe porque eu não queria que você pegasse aquele maldito avião? Porque lá faz frio, e você não conseguiria passar os dias sem se queixar dele. Você é pequena demais para certas coisas, para certas pessoas e certos lugares.
Eu acho que quis cuidar de você, do meu jeito.
As pessoas não sabem como tratar você. Não sabem que você não gosta de feijão e que demora horas para comer! Não sabe porque você não morde o pão quando está na rua. Não sabem que você dificilmente ouve músicas internacionais e que, por contradição adora as séries americanas.
Não sabem que você só usa um short jeans. Elas não te conhecem!
Quis abraçar você, te puxar para perto. Quis dizer que as coisas não vão fugir do nosso controle enquanto estivermos longe. Quis ouvir da sua boca a notícia que mudará as nossas vidas, querendo ou não. Eu quis não chorar, quis dormir. Mas não consegui. Nem por um minuto eu fui o que queria ter sido.
Sentei na cama e fiquei olhando para o meu guarda-roupa com as portas abertas, por horas. Não chorei mais, sabe? Fiquei ali parada.
Quando estava amanhecendo, senti sono. Mas não dormi.
Estou no automático desde então..
Eu relembrei a conversa que tive pela manhã. E como senti vontade de te contar. Isso não é estranho? Para mim é. Tudo é tão estranho e tão vazio agora!
Menos de um mês e tudo vai se tornar completamente diferente pra mim. As coisas meio que vão perder o sentido, sei lá.
Qual a graça em pegar o primeiro ônibus para voltar para casa, se você não vai estar no portão me esperando passar? Qual a graça em ver essas séries bobas se ninguém assiste também?
Eu nunca mais vou comer pipoca doce, e as pessoas não vão entender quando eu chorar por isso. Elas não sabem qual a importância da pipoca doce para mim.
E a metade de um quebra-cabeça no pescoço foi tudo o que me restou.
Não sei lidar com o abandono.
Não sei quantas de mim ainda existem por aqui. Não sei como vai ser daqui para frente, eu realmente não sei.
Sabe do que me dei conta? Que também me sinto suja sem escovar os dentes, antes de tomar banho. Essa é a ordem certa das coisas.
Poderia chover agora. Poderia cair uma tempestade. Queria aquele cheiro de bactéria gostoso espalhado por todo o bairro.
Não ligo se a lua não aparecer, não ligo se tudo cair ao meu redor. Hoje eu não estou conseguindo ser quem costumava ser.
Você é difícil de lidar. Acredite. Mas eu gosto tanto de ti!
Enquanto o meu corpo tremia, eu quis ligar para a sua irmã e pedir para ela ir com você. Veja o nível da minha besteira e preocupação. Você não sabe se virar sozinha. Ou sabe? Bem, eu não sei. Nunca soube.
Não sei comprar pão, não sei fazer o meu pedido na lanchonete, não sei sequer atravessar a rua. Eu não sei resolver as minhas pendências. Você faz parte de tudo, você está em tudo. Em cada plano, em cada projeto, em cada sorriso meu.
Você me saca com um olhar, ainda que eu negue. Você está aqui. Ainda está aqui.
Só agora eu percebi que estou chorando...
Me diz, a gente vai conseguir, não? A gente vai se encontrar de mês em mês, de alguma forma louca, mas a gente vai se ver, não vai?
Você pode me ouvir daí? Vai sempre conseguir me ouvir?
7 anos se passaram. 6 meses vão se passar. 730 dias vão passar tão depressa que a gente nem vai perceber, né?
Não estou falando coisa com coisa e a minha vontade é de parar de escrever, mas ainda não falei o que queria.
O que eu queria mesmo falar? Estou no automático.
Sabe quantas vezes já apaguei esse texto? Não importa.
Eu quero que dê certo.
Eu espero que a cada amanhecer o sol me traga você. Um milhão de vezes, se preciso for, eu espero que ele me traga você.
O celular despertou, mesmo sem abrir os olhos, coloquei-o na soneca. Pensei em voltar a dormir, mas não consegui. Calcei as sandálias e fui para o banheiro, como de costume, escovei os dentes, tomei banho e fiquei parada por mais de 15 min, sem conseguir sequer conter as lágrimas.
Vesti a roupa, me arrumei e percebi que já estava atrasada. Vim caminhando pela rua, pensando nas palavras de ontem, pensando na manhã de ontem, pensando no que li a noite, pensando, pensando, pensando... Cheguei atrasada. É.
Meu corpo dói, minha cabeça dói e agora eu não consigo mais chorar, eu não consigo porque me fiz de forte. Não consigo porque tenho medo.
Estou no automático e não sei qual o botão para desligar. Me sinto mal.
Certa vez, quando surgiu a opção para a viagem a Curitiba, me senti assim também. Sabe porque eu não queria que você pegasse aquele maldito avião? Porque lá faz frio, e você não conseguiria passar os dias sem se queixar dele. Você é pequena demais para certas coisas, para certas pessoas e certos lugares.
Eu acho que quis cuidar de você, do meu jeito.
As pessoas não sabem como tratar você. Não sabem que você não gosta de feijão e que demora horas para comer! Não sabe porque você não morde o pão quando está na rua. Não sabem que você dificilmente ouve músicas internacionais e que, por contradição adora as séries americanas.
Não sabem que você só usa um short jeans. Elas não te conhecem!
Quis abraçar você, te puxar para perto. Quis dizer que as coisas não vão fugir do nosso controle enquanto estivermos longe. Quis ouvir da sua boca a notícia que mudará as nossas vidas, querendo ou não. Eu quis não chorar, quis dormir. Mas não consegui. Nem por um minuto eu fui o que queria ter sido.

Quando estava amanhecendo, senti sono. Mas não dormi.
Estou no automático desde então..
Eu relembrei a conversa que tive pela manhã. E como senti vontade de te contar. Isso não é estranho? Para mim é. Tudo é tão estranho e tão vazio agora!
Menos de um mês e tudo vai se tornar completamente diferente pra mim. As coisas meio que vão perder o sentido, sei lá.
Qual a graça em pegar o primeiro ônibus para voltar para casa, se você não vai estar no portão me esperando passar? Qual a graça em ver essas séries bobas se ninguém assiste também?
Eu nunca mais vou comer pipoca doce, e as pessoas não vão entender quando eu chorar por isso. Elas não sabem qual a importância da pipoca doce para mim.
E a metade de um quebra-cabeça no pescoço foi tudo o que me restou.
Não sei lidar com o abandono.
Não sei quantas de mim ainda existem por aqui. Não sei como vai ser daqui para frente, eu realmente não sei.
Sabe do que me dei conta? Que também me sinto suja sem escovar os dentes, antes de tomar banho. Essa é a ordem certa das coisas.
Poderia chover agora. Poderia cair uma tempestade. Queria aquele cheiro de bactéria gostoso espalhado por todo o bairro.
Não ligo se a lua não aparecer, não ligo se tudo cair ao meu redor. Hoje eu não estou conseguindo ser quem costumava ser.
Você é difícil de lidar. Acredite. Mas eu gosto tanto de ti!
Enquanto o meu corpo tremia, eu quis ligar para a sua irmã e pedir para ela ir com você. Veja o nível da minha besteira e preocupação. Você não sabe se virar sozinha. Ou sabe? Bem, eu não sei. Nunca soube.
Não sei comprar pão, não sei fazer o meu pedido na lanchonete, não sei sequer atravessar a rua. Eu não sei resolver as minhas pendências. Você faz parte de tudo, você está em tudo. Em cada plano, em cada projeto, em cada sorriso meu.
Você me saca com um olhar, ainda que eu negue. Você está aqui. Ainda está aqui.
Só agora eu percebi que estou chorando...
Me diz, a gente vai conseguir, não? A gente vai se encontrar de mês em mês, de alguma forma louca, mas a gente vai se ver, não vai?
Você pode me ouvir daí? Vai sempre conseguir me ouvir?
7 anos se passaram. 6 meses vão se passar. 730 dias vão passar tão depressa que a gente nem vai perceber, né?
Não estou falando coisa com coisa e a minha vontade é de parar de escrever, mas ainda não falei o que queria.
O que eu queria mesmo falar? Estou no automático.
Sabe quantas vezes já apaguei esse texto? Não importa.
Eu quero que dê certo.
Eu espero que a cada amanhecer o sol me traga você. Um milhão de vezes, se preciso for, eu espero que ele me traga você.
Me perdoe a falta de palavras, mas eu preciso parar por aqui...
Cind Jami (L
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