Estou caminhando e já posso ver tudo deserto ao meu redor. Os sinais estão silenciosos, os sorrisos sisudos, dispersos. As flores estão sufocadas e as memórias caladas aqui dentro. Não me resta nada a não ser seguir sem olhar para trás. Sem despedidas o caminho se torna mais perto, mais perto do vazio que me acorrenta, me arrebata. As lágrimas se misturam a todo esse caos, a voz grita, mas o eco não reproduz nada. As lembranças já não são fortes, já não são algo. Meu corpo se contrai a medida que os passos insistem em seguir adiante. O deserto é aqui. Me faltam palavras, me faltam certezas, me falta fogo, amor, paixão. Tenho medo do choro do bebê que grita aqui dentro de mim, tenho medo dessa menininha que me tornei, tenho medo de tanto medo que sinto agora. E não faço nada. Não ouço nada, não falo nada. Estou caminhando por esse deserto e me falta. Me falta ar. Estou sozinha. Estou vazia. Estou na estrada e não sei para onde ir. Estou sem rumo. As coisas não vão mudar, não vã