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Mostrando postagens de novembro, 2012

Sufocada, como a flor

E hoje eu vou sair por ai, gritando ao mundo como tem sido e como vai ser daqui pra frente. As lágrimas já escorrem pelo rosto com tanta facilidade, as portas que se fecham com a força da dor já não querem abrir e os trincos se trancaram para nunca mais.  Hoje o dia não amanheceu, surgiu. Tomou de assalto, machucou , fincou na pele e sangrou. Eu não queria acordar, já não faz sentido reviver momentos, experimentar sorrisos, dar chances que não sei acreditar. Olhe, talvez eu não saia. Talvez eu fique em casa mesmo, olhando para o teto, desenhando arco-íris nesse rosto pintado de solidão. A rua está movimentada e eu não quero encontrar pessoas, inventar argumentos, falar. Simplesmente não quero sequer ouvir vozes estranhas. Não quero. Hoje eu acordei sendo uma flor . Sendo uma flor nascendo no meio do asfalto. Naquelas rachaduras, nas memórias de uma liberdade conquistada, com sensações frias, sufocada. Amanheci sendo uma flor triste. Que com o passar do tempo seria arrancada e

Sei bem

Em momento algum eu perguntei se você realmente quer que eu fique. Eu vou entrar e ficar. E pronto. Eu entendo que hoje, particularmente, você até queria ficar sozinho, mas eu não vou deixar. Eu sei. Sei que não precisa de mim, de ninguém, nem de nada, além da sua quietude semanal. Mas, faz um favor? Fique calado, eu não vou te deixar aqui, assim. Podemos ser realistas? Ou, melhor, no mínimo maduros? Cedo ou tarde, você iria me querer por perto, iria querer o meu abraço e o meu chamego. Deixe-me ficar... Sei que hoje é sábado e você vai ligar a sua Tv para ver uma daquelas séries chatas e com a dublagem horrível. Sei que vai chorar com aqueles diálogos melosos, que nos lembram tanto. Sei que vai pegar um refrigerante gelado e desejar morrer, porque os dias estão passando e parece que tudo está desmoronando ao redor, eu sei de tudo isso. Sei que chorar na frente de outra pessoa é constrangedor, mas.. Deixe a lágrima rolar, eu juro que não vou olhar. Vou ficar quietinha aqui do seu lad

Deita

Faz assim, vem pra cá. Entra silenciosamente pela minha porta, desforra a minha cama e deita. Se achega. Faz cafuné, vem devagarzinho, sem fazer alarde, deita desse jeito. Vem. Faz da minha noite amanhecer. Irradia amor, irradia beleza, irradia... Vem pra cá, me transforma . Puxa assunto, sorria pra mim. Desvenda meus traumas, me acuda com um beijo discreto. Não faz barulho, fica do meu lado sem perceber as coisas ao redor. Quando perceber-me calada, puxe um assunto. Me faça falar, te olhar, dizer as loucuras da madrugada. Não demore. Faça a sua parte. Venha correndo. Me beija, me improvisa, me sustenta. Faz da minha solidão, um circo. Uma grande graça. Me mantem perto, me agarra, me deita, me lambuza nesse mel. Me espreme. Vem pra perto e seja meu. Fique mudo, mas venha.  Aceite as minhas contradições, tranque a porta, tire as meias e deita. Vem. A noite está impecável. Estou esperando por você. Me refaz... Cind Jami (L

Quente

Meu corpo queima. Ferve. Ferveu sangue, ebulição. Borbulhava como coisa inexplicável, indizível. Não demonstrarei e pretendo não fazê-lo. Ninguém chegou a ver e nem chegaram a desconfiar. Não quero que venha com meio termos, com mais ou menos ou quase nada, qualquer coisa. Venha com o que for, venha completo ou nu, mas venha. Só não pela metade. Venha até mim com corpo, alma, vícios, manias. Venha louco de vontade, cheio de interesse, cheio de paixão e tesão que eu sei que tem guardado só para o meu deleite. Você tem guardado ai dentro. Dentro de si. Para derramar em mim... Venha aos poucos. Tire peça por peça. Esquente a cama, meu corpo, preencha esse silêncio com esse jogo de quadris. Pronuncie o meu nome, sussurre palavras soltas, mas que elas se encaixem no amanhecer. Venha completo. Correndo, desague em mim. Me inunde, me molhe, escorra e pegue fogo. Seja um só comigo e dentro de mim.  Cind Jami (L

Anjo da asa quebrada

Tudo está tão calmo, tão deserto e tão nublado. Me diz como acreditar em tudo, se o tudo já não parece tão completo.. Me diz como ser tua, se estou nua sem você... Eu te vejo distante, pálido e quase emudecido. Com a asa quebrada já não consegue voar e a dor te consome, te faz chorar. Os dias que passam fazem graça, debocham, correm para um lugar que me parece inalcançável. E eu reluto, grito, desisto . Olhar para você, para os seus olhos, para a sua asa, partida e machucada, me constrange. E eu brado, me bato, me mato, a cada dia que passa aqui dentro fica alagado, apertado, triste. Vazio. Agora você precisa voar , precisa me deixar e eu insisto em atrasar essa partida, te puxando para baixo com palavras, com essas cenas no meio da tarde, com a dor incontida, com a ferida sarada que dói sem que eu perceba. Falta pouco, mas ainda falta. Ainda me resta esperança de dias em paz, de dias assim, como esse... Te olhando e pensando nos dias de sol que ainda estão por vir e o sorvete v

A porta fechada

Arrumei as malas e coloquei do lado de fora. Estou cansada desse cheiro, dessa voz, dessas desculpas. Estou cansada desse nada e desse abismo. Fechei a porta e já não sinto mais vontade de abrir. Sobre o meu medo, vomitei. Sobre o seu, entendi. Fingi que entendi, ignorei. Desisti . Abro as janelas para um novo mundo - aquelas velhas possibilidades que na verdade já não existiam, estão cinzas, esquecidas, eu recolhi. Preciso me cuidar. Te ignorar. Reviver. Preciso entender o que de fato move esse seu mundo, esse seu jeito e caráter. Preciso me permitir voar, sem as asas para quebrar, sem esse rosto para olhar. Quero rasgar o verbo,  me prender ao léu, colorir papel e fazer arder, doer, sangrar. Marcar. Não são sentimentos meus, nem seus, são de ninguém, coisas e seres inexistentes. Coisas sem importância, esse amor, essa dor. Esse caso que não anda, essa ferida que não cura. Esse esplendor mal interpretado, esse frio irredutível. Fechei a porta atrás de mim e estou