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Mostrando postagens de abril, 2013

Invada

Vem, invade a minha vida sem arrependimento, nem piedade.  Troque os móveis da sala de lugar, bagunce a minha cozinha, mude a marca do meu hidratante corporal, dispense a empregada. Tudo sem pedir permissão, vem.  Mude as fotos do mural, jogue aquelas garrafas de vinho fora, rasgue as velhas cartas guardadas no guarda-roupa. Tudo sem perguntar a minha opinião.  Vem e invade a minha vida. Mude o que quiser, invente, reinvente, troque tudo, se permita. Faça da minha casa o seu lar, do meu corpo seu abrigo , do meu beijo morada cativa.  Cale a minha boca com teus lábios quando eu falar demais ou simplesmente não sorrir, tenha crises de ciumes quando eu provocar demais, me faça acordar pra vida quando eu dormir nas tardes frias. Vem, invade a minha vida de uma vez.  Deixe tudo com a sua cara, com o seu cheiro , com o seu jeito.   Não hesite em me mudar, em me transformar, em me moldar. Faça de mim seu rascunho, sua obra-prima, sua arte final. Faça de mim o que quiser,

Quero-te

A noite cai, em silêncio. Um frio gostoso inunda o nosso quarto. Sussurro baixinho no seu ouvido para você ouvir:  Quero-te . Te quero agora e tão perto, a ponto de confundir o meu eu com o seu. Tão perto a ponto de transformar os nossos seres em um só. A nossa alma em apenas uma. Quero-te tão junto, a ponto de amarrar nossos cabelos em um nó inseparável. As nossas mãos num elo inquebrável. Quero madrugadas frias compartilhadas com direito a disputa por cobertor. Quero adormecer no seu peito sentido sua respiração quente em meu pescoço. Quero o toque de suas mãos desesperadas por carinho. Quero seus beijos famintos por meus lábios umedecidos  Quero a emoção de um amor antigo, com o apimentado sabor de paixão adolescente, como a nossa. Quero amar cada dia mais. Quero querer-te como nunca quis. Quero precisar de palavras cada dia menos. Quero distâncias cada dia menores. Quero declarações cada dia maiores.  Quero cada dia. Você, eu e mais ninguém. Você dentro e fora de mim.  Quero

Comparável ao nada

Sou tão frágil, tão sonhadora. Tão pequena. Posso ser comparada a uma folha de papel que dobra, amassa, rasga, desdobra, se machuca, mancha e molha. Se solta. Sou comparável a um pequeno inseto que voa, mas também é carregado pelo vento forte. Comparável a uma poeira que acha que pode parar em qualquer lugar, mas na verdade só fica onde a colocam. Debaixo do sofá, de um livro, de um sentimento. Tão vulnerável. Tão minúscula. Como se fosse feita de porcelana e pudesse quebrar com apenas um toque. Um toque meu, seu ou de qualquer outro. Tão suscetível às coisas ao meu redor. Aqueles pequenos erros, meros detalhes, um sonho, apenas. Como um espelho dos acontecimentos externos. Como uma imagem da perturbação interna. Um devaneio, uma loucura indesejável. Sinto-me tão insignificante. Tão inútil. No meio desse mundo gigantesco. No meio dessa multidão. Bem no centro dessa palhaçada e dessa bagunça. Um grão de areia misturado com os outros na praia. Aquela imensidão silenciosa, infinit