Para você, com as certezas que me restam e não vão me abandonar,
nem hoje, nem daqui a 3 meses.
Tenho andado distraida, inconsequente, desiludida.
Os dias estão passando tão depressa, tem percebido? As nuvens encobrindo o meu sorriso, você tem sentido todo esse frio dai também?
Acontece que eu já não sei disfarçar. Quero correr, pintar o seu sofrimento numa alegria descompassada, numa chuva de esperança, colorida, multiforme. Impossivel, eu sei.
A dor é sólida. Perceptível.
Meu medo não é a distancia. Nunca foi, pena não ter notado isso. Meu medo é o que nos tornaremos diante dessa escuridão.
Você ainda vai poder ver as minhas lágrimas mudas?
Ainda conseguirá tirar esse abraço apertado depois que as coisas ficarem assim, estranhas, sei lá?! Ainda vai conhecer os meus olhares, sentidos, cheiros, anseios?
Essa intimidade diferenciada ainda existirá como nos sonhos e nas séries americanas em que assistimos na TV?
Me diz, ainda tem espaço na mala? Ainda te alcanço se eu correr bem rápido?
Meu coração, meus olhos, meus segredos, meus medos, minha dor, meu suspiro, você não vai levar?
Eu posso caminhar pelo quarteirão dia e noite sem parar, posso encontrar e conhecer mil pessoas diferentes e estranhas a sua maneira, mas nenhuma vai me olhar com ternura como você me olha. Ninguém nunca vai tomar o seu espaço. Pode tudo mudar em 150 dias? Claro que pode.
A saudade muda as pessoas, as pessoas mudam as pessoas, as cidades mudam sotaques e nos mudam também, mas o amor que se dizia imutável, pode mudar? É isso então?
Sinceramente, eu não estou preparada. Estou me trancando. Estou me largando no sofá, na estante, na paisagem. Estou me perdendo de mim mesma. É.
Que venham os maus dias, que venham as palavras que me faltam. Que me venha o novo. E que eu esteja pronta para o que me desestrutura.
[Demorei de escrever, mas escrevi o que não queria. A vida nos surpreende.]
Cind Jami (L
Comentários
Postar um comentário