Estarei por certo bem longe, inerte, te observando partir, voar – pra longe daqui, longe de mim, longe de tudo que me faça bem.
Eu quero respirar, cantar e viver. Assim, sem ti, enfim...
A cada anoitecer fico a ouvir, vozes distantes, palavras ensaiadas, atitudes desconhecidas que gelam todo o meu corpo e me fazem perder a cabeça; não reconheço teus passos, teu olhar, teu andar.
Não reconheço o ar que me fazia respirar, não reconheço sequer o alguém que estou sempre a beijar.
Isso vai ter fim? Já é o fim? Será?
Pouco importa. Porque como todos os segundos, vira a mesma rotina, o mesmo caminhar, eu vou, e você me puxa. Me puxa, mas puxa tão forte que machuca! E eu choro. Choro, mas volto. E volto cada vez mais fraca, desolada, destroçada.
Preciso sair, matar, morrer e cantar. Não há tempo para perder tempo! Não há!
Para onde quer que eu olhe vejo os teus olhos me recriminarem, me acusarem, me chamando de hipócrita, o que é isso? Viver é uma hipocrisia?
Me diz, você pode me deixar sorrir agora?
Quanto tempo andei perdida, sem saber em que pensar, nem em que falar,na verdade, eu não sei nem porque estou aqui escrevendo, nada faz sentido, se o meu coração sangra, é porque algo desandou; E se desandou – já era, acabou.
Estou de luto. Acordei assim.
Ao meu redor, vejo as flores que eu cultivei para te entregar , você pisou em cada uma delas com um sorriso cheio de lágrimas no olhar.
O que é isso? Me fala; o que é?
Cada nuvem do céu, cada gota do mar, cada grão de areia foi em vão... Não quero te encontrar, nem contar sobre o meu dia, nem te abraçar... não mais...
Meu corpo treme só de imaginar as tuas garras passeando sobre ele. – Meu Deus, para onde foram todas as pétalas de rosas? O que houve com o brilho dos teus olhos? Quem é você? E eu, quem sou?
Faço de conta que estou normal. Abro a porta , te recebo e fico ouvindo, bem perto de mim, uma voz estranha. A voz de um novo homem. Um desconhecido, porém, familiar. Os beijos, o toque, os traços e a calça jeans me fazem lembrar um amor antigo; Mas, onde está esse amor? Porque já não me acorda com as penas da asa de um anjo?
Sinto frio, sinto medo, não tenho a paz morando em meu peito.
Os dias estão acabando... As tardes se esvaziando... E a brisa congelante das noites perduram... se prolongam, estão se tornando comuns, se eternizando.
Quando estamos caminhando pela lua, eu peço para te olhar e você continua caminhando, feito um louco, não me ouve mais. Faço de tudo para chamar a sua atenção.
E você me agride; Suas palavras cortam os meus pulsos. Minha roupa branca agora se transforma em dor. Eu não quero mais ouvir!
Dói em mim a sua arte. Você descobre os meus carinhos, hipnotiza o sol e me faz chorar... chega.
Eu vou abrir a porta e você tem que sair. Preciso ver você partindo, sem teatro; vou abrir e virar – Saia em silêncio, mas saia!
Você não sabe o que é amor e me culpa por não saber amar. O amor não dói – Constrói.
Ficarei aqui te vendo partir. Quebrarei todas as correntes, tirarei a venda dos meus olhos - Por favor, me deixe viver. Deixe a minha voz soar, encontrar o céu e beijar o mar. Deixe eu me ouvir agora. Deixe.
Porque você não sai? Porque ao invés de chorar você não muda? Me deixa em paz?
Porque?
Eu quero paz, quero amor, quero algo fugaz.
Você quer sempre o de sempre – Eu quero mais, um temporal.
Cind Jami (L
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